Crédito: Saulo Tomé/ UnB Agência
Computadores, documentos e equipamentos de pesquisa de pelo menos cinco unidades acadêmicas estão entre objetos irrecuperáveis. Não há valores do prejuízo
Henrique Bolgue
Da Secretaria de Comunicação da UnB
Paredes caídas, móveis arrastados, documentos, material de pesquisa e equipamentos submersos e muita lama. Essa era a imagem do Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília depois da forte chuva que atingiu a Asa Norte no início da tarde deste domingo. Diretores de institutos e faculdades passaram toda a segunda-feira avaliando os danos, mas até o final do dia não haviam conseguido estimar os valores financeiros das perdas.
Na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação (FACE), o estrago foi grande. A secretaria e a sala de coordenação do Programa de Pós-Graduação em Administração foram destruídas com a queda de uma das paredes. O Centro Acadêmico de Economia ficou alagado e a Empresa Júnior de Administração perdeu todos os móveis e equipamentos. O diretor da FACE, Tomás Guimarães, não tem ainda uma estimativa de perdas, mas afirma que computadores e documentos para a seleção de alunos no mestrado e doutorado foram perdidos. “Teremos que recomeçar o trabalho partindo da lista de aprovados, que estava na internet”, conta.
A força da água que invadiu o subsolo derrubou também uma das paredes dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e Sociologia. As perdas na universidade acadêmica incluíram ainda material de pesquisas de doutorado e computadores. “Não é possível saber a extensão do prejuízo, que certamente é grande”, afirma o diretor do Instituto de Ciências Humanas, Gustavo Lins Ribeiro.
O cenário do Instituto de Ciência Humanas, que engloba os cursos de Geografia, História e Filosofia, também é de destruição. A queda de uma parede do anfiteatro 15 inundou o Centro de Documentação Geográfica Milton Santos. Cerca de 10 computadores pararam de funcionar. Documentos de arquivo, pesquisa e mapas ficaram encharcados e móveis foram danificados depois de serem arrastados. Os Centros Acadêmicos dos três cursos, que ocupam salas contíguas, foram inundados e sofás e estantes perdidos. Para o diretor do Departamento, professor Mario Diniz, a perda é grande: “O problema não é só em relação aos equipamentos, mas sim à perda imaterial, que é incalculável”.
Na UnB TV, um trabalho de cinco anos ficou perdido. “Chorei muito quando vi o que aconteceu”, conta a professora Tânia Montoro, que visitou o local hoje à tarde. Cerca de oito computadores e 10 câmeras foram molhados. Um projetor foi encontrado a 50 metros de distância. Equipamentos antigos de um pequeno museu também foram arremessados para longe. Segundo o diretor da TV, Armando Bulcão, a ideia é tirar os aparelhos do lugar o mais rápido possível e a programação reestabelecida. “O maior problema é a umidade do local, que estraga o pouco que sobrou”, afirma.
A rádio UnB também foi afetada. Por estar perto do anfiteatro 12, duas paredes estão rachadas e ainda podem cair. O estúdio de som foi bastante afetado e terá que ser reconstruído. “Achávamos que o dano seria ainda maior. Conseguimos salvar a maioria dos equipamentos”, contou o professor Carlos Eduardo, da Faculdade de Comunicação.
No Instituto de Letras, o problema maior foi no Laboratório de Línguas, que está fechado. Computadores e equipamentos antigos de fonoaudiologia e fonética foram destruídos. Segundo a diretora Maria Alvarez, alguns equipamentos que foram molhados podem ainda ser recuperados. “Alguns deles ainda estavam em caixas e não estavam ligados à rede elétrica”, diz a diretora. A Geologia “teve sorte”, segundo o diretor Detlef Walde. De acordo com ele, o laboratório de geoquímica de água, foi inundado, mas não teve danos importantes.
FORA DO ICC – A tempestade também fez estragos fora do Minhocão. Na Faculdade de Tecnologia, a água molhou cinco computadores e três impressoras do Laboratório de Informática. As salas do Minibaja e de Aerodesing perderam computadores. O diretor Antônio Brasil, calcula que o estrago não foi grande: “Em um dia conseguiremos voltar ao trabalho normalmente”, afirmou.
O Instituto de Artes também teve problemas. A galeria de Artes Espaço Piloto e o Teatro ficaram inundados. Não é a primeira vez que isso acontece, como foi notado em outros lugares do campus. No Centro Olímpico, por exemplo, o tatame usado em aulas de flexibilidade e artes marciais ficou molhado, o que é normal em dias de chuva. A Faculdade de Educação perdeu um servidor de internet por causa da água. O Centro de Pesquisa e pós-graduação sobre as Américas (CEPPAC), no Multiuso 2, também ficou sem computadores. Lílian Rodrigues, da secretaria do Núcleo de Estudos Agrários (Neagro), conta que nas salas a inundação chegou a 10 centímetros e estragou dezenas de livros.
Algumas unidades acadêmicas que estão fora do campus ficaram sem internet por estarem ligadas ao Centro de Informática da UnB, também afetado pelas chuvas. Na Colina, onde moram professores da UnB, estacionamentos ficaram cheios de água e árvores caíram.