Tempos de refundação e reconstrução

Crédito: Luiz Filipe Barcelos/ UnB Agência

Leonardo Echeverria

Da Secretaria de Comunicação

A enxurrada que varreu a Universidade de Brasília na noite de domingo destruiu paredes, equipamentos e salas que sequer haviam sido inauguradas. No momento em que a UnB vive sua refundação, com ampliação de 50% de sua estrutura física, terá que lidar com a reconstrução de seu prédio mais importante.

O tamanho dos prejuízos no Minhocão só poderá ser calculado a partir desta terça-feira. A Defesa Civil vai determinar quais áreas podem ser liberadas para uso e quais precisam de reparos. O risco de desabamentos foi descartado. “O custo da destruição é altíssimo, mas não vou permitir nenhum risco pessoal”, afirmou o reitor José Geraldo de Sousa Junior. Laboratórios que contenham materiais químicos e biológicos potencialmente perigosos passarão por uma inspeção especial. O quadro é bastante grave, “beirando o desastre”, segundo o coronel Vicente Tomas, chefe da Defesa Civil.

As aulas no campus Darcy Ribeiro serão retomadas na quarta-feira. O Decanato de Ensino de Graduação e a Prefeitura estão buscando espaços alternativos para substituir os anfiteatros alagados pela chuva. Serão usadas salas na sede da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e em outros prédios do campus. No Minhocão, os espaços liberados pela Defesa Civil também serão usados.

Para a reconstrução, o reitor vai buscar recursos junto ao Ministério da Educação. O secretário de Ensino Superior do MEC, Luiz Cláudio Costa, já se colocou à disposição para apoiar as obras necessárias e repor os equipamentos perdidos. Parte das salas e anfiteatros destruídos haviam sido recém-reformados com verbas do Programa Nacional de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni). Um laudo da Defesa Civil vai permitir que os serviços de reconstrução sejam contratados de forma emergencial, sem licitação, o que vai reduzir bastante o tempo para o começo dos reparos.

Até lá, a comunidade acadêmica está se mobilizando para ajudar como puder. Professores das áreas de Engenharia Elétrica e Engenharia Civil serão chamados para analisar os estragos da estrutura. Os estudantes decidiram organizar um mutirão para a limpeza. “Nossa comunidade sempre soube se unir em momentos de crise, e desta vez não é diferente”, afirmou o reitor.

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Administração trabalha desde domingo no resgate do Minhocão

Crédito: Saulo Tomé/ UnB Agência

José Geraldo deixou banca de mestrado na Paraíba e retornou à UnB ainda de madrugada, onde comandou, durante todo o dia, o trabalho de reconstrução do campus

José Negreiros, Thássia Alves e Juliana Braga

Da Secretaria de Comunicação da UnB

O reitor José Geraldo de Sousa Junior dormiu menos de três horas na noite de domingo. No meio da madrugada, já estava a bordo do vôo JJ3865, João Pessoa-Brasília, e às 10hs, no subsolo do Minhocão, assumiu o comando das providências de resgate da Universidade de Brasília. Ao desembarcar no final da tarde na Paraíba, onde faria parte de uma banca de mestrado nesta segunda-feira, foi bombardeado por mensagens e chamadas telefônicas relatando a destruição causada ao Instituto Central de Ciências. “A natureza é impressionante. Depois de um estrago desses, volta a ficar quieta, como se não tivesse acontecido nada”, afirmou José Geraldo no início da primeira avaliação do estado do prédio. O ambiente era de desolação.

Acompanhado do prefeito, Paulo César Marques, do chefe de operações da Defesa Civil, tenente-coronel Vicente Tomaz de Aquino, e de um grupo de decanos e diretores de departamentos, o reitor constatou com tristeza a devastação de todo o subterrâneo do bloco B, na parte oeste do campus. Preocupado com a segurança, determinou imediata varredura da estrutura e das instalações elétricas, seguida de detalhado balanço dos danos. Só depois desse trabalho se poderá estimar os prejuízos, primeiro passo para traçar um Plano de Reconstrução.

Desde a tarde de domingo, o prefeito contabilizava o anfiteatro 15, a UnBTV, a pós-graduação da Antropologia e da Administração e os CAs de Economia, História, Filosofia e Geografia, na Ala Norte, como os pontos mais destruídos. Ao chegar e constatar represamento de 3,5 metros de água no anfi-15, Paulo Cesar tirou as pessoas do local, pediu ajuda do 3º Batalhão da PM para interditar o Minhocão e chamou a Defesa Civil para orientar a retirada do grande volume de água acumulado. Às 6hs desta segunda-feira, Paulo César falou ao “Bom Dia DF”, da Rede Globo, e vinte minutos depois estava de volta à UnB, onde passou o dia preparando o trabalho das equipes que começaram a levantar os danos.

Quase em lágrimas, Carlos Cássio Castro, presidente do Centro Acadêmico de Economia (CAECO), não se conformou com a proibição de acesso. Estava em um churrasco com os amigos quando recebeu uma mensagem de um estudante do 8º semestre: “A UnB está alagada, imagine o CAECO”. Carlos não deu muita atenção, e uma hora depois recebeu uma ligação de um dos integrantes do DCE. “Ele disse que tinha imagens e fotos do nosso CA completamente inundado”. Carlos contou que o CAECO passou por uma grande reforma há pouco tempo. Além de equipamentos e móveis, os estudantes perderam os alimentos que recolheram durante o trote solidário.

Com o Portal da UnB fora do ar, foram as redes sociais que supriram a comunidade acadêmica e, principalmente, os alunos de informação. Todos os sistemas de informática foram desligados sob risco de curto-circuito. Diante da medida, a Secretaria de Comunicação criou uma página no Twitter e um blog. Mesmo com o Centro de Informática (CPD) afetado pelas chuvas, os sistemas voltaram a funcionar parcialmente e em alguns locais do campus, como o próprio ICC e a Biblioteca Central (BCE), onde a internet já está disponível.

Retomado o funcionamento dos principais serviços, às 15hs o reitor José Geraldo pode dar a notícia do retorno às aulas na quarta-feira aos jornalistas que lotavam o auditório da Reitoria e em seguida refletir sobre o impacto do desastre. “Há uma grande sensação de perda quando a gente vê arrasado aquilo que acabou de ser reconstruído, como os anfiteatros”, lamentou. “Mas nos conforta a pronta solidariedade de ex-alunos, autoridades federais e distritais e toda a nossa comunidade compartilhando o mesmo sentimento de solidariedade”.

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Estragos mobilizam autoridades

Crédito: Luiz Filipe Barcelos/ UnB Agência

Ministro da Educação, governador do Distrito Federal, Andifes e parlamentares manifestam solidariedade e oferecem ajuda para a reconstrução do campus

Thais Antonio

Da Secretaria de Comunicação da UnB

A inundação do subsolo do Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília na tarde deste domingo mobilizou Ministério da Educação, governador do Distrito Federal, Associação dos Dirigentes das Instituições de Ensino Superior (Andifes) e parlamentares da bancada do Distrito Federal no Congresso Nacional.

Luiz Cláudio Costa, secretário de Ensino Superior, afirmou que “o Ministério da Educação acompanha, consternado, a apuração dos estragos causados pela chuva” e ofereceu ajuda no trabalho de reconstrução do campus. “O MEC estará à disposição da Reitoria para colaborar no que for possível para a plena recuperação da estrutura e dos equipamentos atingidos, continuando o espírito do Reuni de modernização e melhoria da infraestrutura das universidades brasileiras”, completou.

O governador Agnelo Queiroz pediu ao administrador de Brasília, José Messias e Souza, que visitasse o campus Darcy Ribeiro logo no início da manhã. “Manifesto minha solidariedade à UnB”, disse. “Pedi atenção especial para que os órgãos competentes do GDF ajudem no que for possível”. Serviços da Administração Regional e da Operação Cidade Limpa, como poda de galhos, recolhimento de árvores caídas e limpeza de bocas de lobo, ficaram à disposição da Reitoria durante todo o dia.

RECUPERAÇÃO – O senador Cristovam Buarque, que é professor do Centro de Desenvolvimento Sustentável da UnB, falou à UnB Agência, de Hamburgo, na Alemanha, onde participa de uma reunião do Conselho de Educação da Unesco, do qual é membro. “Uma universidade que resistiu à ditadura não vai deixar se abater por causa de uma chuva, por maior que ela seja”, declara.

Cristovam conta que, em 31 anos de UnB, nunca tinha presenciado tamanho estrago. “Já tivemos invasão de tanques de guerra, mas não destruição por força da natureza”, afirma. O senador volta de viagem no fim de semana e prometeu que virá à universidade assim que chegar, para conhecer de perto os problemas causados pela chuva. “Da mesma forma que a comunidade da UnB, alunos professores e servidores, se uniram na luta pela liberdade, estaremos unidos na luta pela recuperação física das edificações, dos equipamentos, e até mesmo, do bem mais precioso, que são os resultados de pesquisas que tenham sido sacrificados”, disse.

Rodrigo Rollemberg, também senador pelo Distrito Federal, atribuiu os estragos à rede de águas pluviais da cidade. “Essa tempestade e esse alagamento da UnB demonstram a precariedade da infraestrutura urbana de Brasília”, disse. “A cidade mostrou uma capacidade insuficiente de escoamento, o que fez com que a água viesse lá de cima e desaguasse no campus, que está em um ponto mais baixo”. Ele defende que a comunidade de Brasília una esforços para recuperar o que foi perdido em pesquisas e recomenda a transferência dos laboratórios para locais mais seguros.

CONHECIMENTO – Para o presidente da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), Edward Madureira, o maior prejuízo é imaterial. “A Academia é construída a partir de discursos, pronunciamentos e documentos. Tem conhecimento que dificilmente será reposto”, afirmou. O professor colocou instituições de todo o país à disposição da UnB para ajudar na reconstrução. “Em nome da Andifes, quero me solidarizar com a Universidade de Brasília nesse momento tão delicado e colocar a entidade e todo o sistema federal à disposição para ajudar no que for possível para a reconstrução do ICC e das demais unidades atingidas”.

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Disciplinas serão transferidas para outras salas

Crédito: Luiz Filipe Barcelos/ UnB Agência

Decanato de Ensino de Graduação vai transferir disciplinas que eram dadas em salas atingidas pela chuva

Thais Antonio

Da Secretaria de Comunicação

Três anfiteatros do Instituto Central de Ciências (ICC) estão sem condições de uso devido ao temporal ocorrido no último domingo, 10 de abril. Para garantir a normalidade das aulas a partir de quarta-feira, o Decanato de Ensino de Graduação (DEG) está fazendo um levantamento das salas de aula atingidas e dos espaços disponíveis para realocação. A Fundação Osvaldo Cruz (Fiocruz) colocou-se à disposição da UnB para abrigar disciplinas no prédio que fica dentro do terreno da universidade. A Faculdade de Tecnologia e o Instituto de Química cederam auditórios em seus prédios.

Como nenhuma sala do térreo nem do mezanino do ICC foi atingida pela enxurrada, o mapeamento está restrito às salas do subsolo. “Vamos conseguir organizar esse mapa nesta terça. Na quarta-feira, as aulas voltam ao normal em novos espaços”, afirma Márcia Abrahão, decana de Ensino de Graduação. Segundo a professora, os anfiteatros que passaram recentemente por uma reforma resistiram melhor do que as salas antigas.

De acordo com o diretor de Logística de Graduação, Jeremias Bastos, os maiores estragos concentraram-se nos anfiteatros 16 e 19, que tiveram paredes derrubadas pela pressão da água. O anfiteatro 15 está muito sujo e precisa passar por limpeza e uma pequena reforma para voltar a funcionar. “É coisa de uma semana”, explica Jeremias. “Já o 16 e o 19 não têm nem como funcionar emergencialmente”.

Além do prejuízo material, a perda de documentos, como teses e dissertações, é incalculável. “Cada unidade vai ter de fazer um balanço”, afirma a decana. Ela convida a comunidade a participar do processo de reconstrução. “Conto com a colaboração e esforço da comunidade e da sociedade. Alunos, ex-alunos, professores, servidores estão convidados a se unir pela universidade”.

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Diretores contabilizam perdas

Crédito: Saulo Tomé/ UnB Agência

Computadores, documentos e equipamentos de pesquisa de pelo menos cinco unidades acadêmicas estão entre objetos irrecuperáveis. Não há valores do prejuízo

Henrique Bolgue

Da Secretaria de Comunicação da UnB

Paredes caídas, móveis arrastados, documentos, material de pesquisa e equipamentos submersos e muita lama. Essa era a imagem do Instituto Central de Ciências da Universidade de Brasília depois da forte chuva que atingiu a Asa Norte no início da tarde deste domingo. Diretores de institutos e faculdades passaram toda a segunda-feira avaliando os danos, mas até o final do dia não haviam conseguido estimar os valores financeiros das perdas.

Na Faculdade de Economia, Administração, Contabilidade e Ciência da Informação e Documentação (FACE), o estrago foi grande. A secretaria e a sala de coordenação do Programa de Pós-Graduação em Administração foram destruídas com a queda de uma das paredes. O Centro Acadêmico de Economia ficou alagado e a Empresa Júnior de Administração perdeu todos os móveis e equipamentos. O diretor da FACE, Tomás Guimarães, não tem ainda uma estimativa de perdas, mas afirma que computadores e documentos para a seleção de alunos no mestrado e doutorado foram perdidos. “Teremos que recomeçar o trabalho partindo da lista de aprovados, que estava na internet”, conta.

A força da água que invadiu o subsolo derrubou também uma das paredes dos Programas de Pós-Graduação em Antropologia e Sociologia. As perdas na universidade acadêmica incluíram ainda material de pesquisas de doutorado e computadores. “Não é possível saber a extensão do prejuízo, que certamente é grande”, afirma o diretor do Instituto de Ciências Humanas, Gustavo Lins Ribeiro.

O cenário do Instituto de Ciência Humanas, que engloba os cursos de Geografia, História e Filosofia, também é de destruição. A queda de uma parede do anfiteatro 15 inundou o Centro de Documentação Geográfica Milton Santos. Cerca de 10 computadores pararam de funcionar. Documentos de arquivo, pesquisa e mapas ficaram encharcados e móveis foram danificados depois de serem arrastados. Os Centros Acadêmicos dos três cursos, que ocupam salas contíguas, foram inundados e sofás e estantes perdidos. Para o diretor do Departamento, professor Mario Diniz, a perda é grande: “O problema não é só em relação aos equipamentos, mas sim à perda imaterial, que é incalculável”.

Na UnB TV, um trabalho de cinco anos ficou perdido. “Chorei muito quando vi o que aconteceu”, conta a professora Tânia Montoro, que visitou o local hoje à tarde. Cerca de oito computadores e 10 câmeras foram molhados. Um projetor foi encontrado a 50 metros de distância. Equipamentos antigos de um pequeno museu também foram arremessados para longe. Segundo o diretor da TV, Armando Bulcão, a ideia é tirar os aparelhos do lugar o mais rápido possível e a programação reestabelecida. “O maior problema é a umidade do local, que estraga o pouco que sobrou”, afirma.

A rádio UnB também foi afetada. Por estar perto do anfiteatro 12, duas paredes estão rachadas e ainda podem cair. O estúdio de som foi bastante afetado e terá que ser reconstruído. “Achávamos que o dano seria ainda maior. Conseguimos salvar a maioria dos equipamentos”, contou o professor Carlos Eduardo, da Faculdade de Comunicação.

No Instituto de Letras, o problema maior foi no Laboratório de Línguas, que está fechado. Computadores e equipamentos antigos de fonoaudiologia e fonética foram destruídos. Segundo a diretora Maria Alvarez, alguns equipamentos que foram molhados podem ainda ser recuperados. “Alguns deles ainda estavam em caixas e não estavam ligados à rede elétrica”, diz a diretora. A Geologia “teve sorte”, segundo o diretor Detlef Walde. De acordo com ele, o laboratório de geoquímica de água, foi inundado, mas não teve danos importantes.

FORA DO ICC – A tempestade também fez estragos fora do Minhocão. Na Faculdade de Tecnologia, a água molhou cinco computadores e três impressoras do Laboratório de Informática. As salas do Minibaja e de Aerodesing perderam computadores. O diretor Antônio Brasil, calcula que o estrago não foi grande: “Em um dia conseguiremos voltar ao trabalho normalmente”, afirmou.

O Instituto de Artes também teve problemas. A galeria de Artes Espaço Piloto e o Teatro ficaram inundados. Não é a primeira vez que isso acontece, como foi notado em outros lugares do campus. No Centro Olímpico, por exemplo, o tatame usado em aulas de flexibilidade e artes marciais ficou molhado, o que é normal em dias de chuva. A Faculdade de Educação perdeu um servidor de internet por causa da água. O Centro de Pesquisa e pós-graduação sobre as Américas (CEPPAC), no Multiuso 2, também ficou sem computadores. Lílian Rodrigues, da secretaria do Núcleo de Estudos Agrários (Neagro), conta que nas salas a inundação chegou a 10 centímetros e estragou dezenas de livros.

Algumas unidades acadêmicas que estão fora do campus ficaram sem internet por estarem ligadas ao Centro de Informática da UnB, também afetado pelas chuvas. Na Colina, onde moram professores da UnB, estacionamentos ficaram cheios de água e árvores caíram.

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Porque o ICC alagou

Crédito: Saulo Tomé/ UnB Agência

Maior chuva do ano aliada e problemas de drenagem na Asa Norte provocaram alagamento na UnB. Defesa Civil, Prefeitura e especialistas apontam fatores que contribuíram para os estragos

Cecília Lopes

Da Secretaria de Comunicação da UnB

O volume de água acima do normal associado a problemas de drenagem na Asa Norte provocaram os estragos no campus da Universidade de Brasília. O subsolo do Instituto Central de Ciências funcionou como um gigantesco reservatório para a água que não tinha para onde escorrer. “O sistema de drenagem da cidade não está preparado para temporais como o de ontem, por isso a água empoçou no subsolo do Minhocão”, explica o prefeito do campus Paulo César Marques, que já na tarde de domingo veio ao campus verificar os prejuízos.

De acordo o Instituto Nacional de Meteorologia, a chuva de ontem foi a mais forte do ano, empatando apenas com o temporal do dia 16 de março. Os pluviômetros do Inmet registraram 53 milímetros de chuva no DF neste domingo (10/04) – para se ter uma ideia, em todo mês abril, o esperado são 126 milímetros de chuva. “Em um único dia, choveu quase a metade do esperado para o mês”, explica Odete Marlene Chiesa, meteorologista do Inmet.

O potencial de destruição da chuva foi agravado por ventos de até 75 quilômetros por hora, que derrubaram dezenas de árvores ao longo do Eixão Norte. Além disso, a chuva foi concentrada. Em apenas uma hora, entre às 13h e às 14hs, foram 26 milímetros. “Não há obra que consiga drenar tamanho volume de água”, aponta o professor Sérgio Kóide, chefe do departamento de Engenharia Civil e Ambiental. No DF há mais de 30 anos, Kóide só viu chuva comparável a esta uma vez, na década de 70.

O professor da Engenharia Civil destaca que o índice do Inmet é uma média registrada por equipamentos espalhados pelo DF. Segundo ele, a quantidade de chuva que caiu na UnB provavelmente é ainda maior. “Não saberemos a quantia exata porque não há aparelhos de medição ativos aqui no campus.” Sérgio Kóide ressalta que a arquitetura do Minhocão favorece problemas assim. O prédio – muito extenso e com subsolo – fica paralelo às curvas de nível da Asa Norte. “Quando chove a água encontra o prédio e escorre pelos respiradores para o subsolo.”

FUNDO DE VALE – O ICC acabou recebendo todo o volume de água da Asa Norte porque está construído em uma região chamada de fundo de vale. A água que naturalmente escorreria para o Lago Paranoá ficou retida no subsolo da UnB. “A UnB está 150 metros abaixo da Asa Norte, por isso a água escorre violentamente para cá”, explica o professor Detlef Walde, da Geologia, coordenador do projeto Água DF – parceria científica entre a UnB e a Caesb. “O asfalto dos estacionamentos contribui para o problema porque impede a infiltração da água”, completa.

O professor Ricardo Bernardes, especialista em drenagem urbana e morador da Colina conta que o Minhocão foi construído em cima de um pequeno rio. “O ICC fica no meio do caminho para aonde a água escorreria”, explica. “Nós modificamos e natureza e depois a culpamos”, lamenta Ricardo Bernardes.

O tenente-coronel Vicente Tomaz de Aquino, chefe da Defesa Civil, afirma que um estudo do GDF de 2009 sobre a rede de drenagem do DF apontou a Asa Norte como local crítico. A área entre as quadras de final 7 e 12 foi indicada como uma das mais problemáticas. O trecho coincide com a região do ICC onde o problema foi mais grave. “O sistema de drenagem nesta região está colapsado”, explica o tenente-coronel Vicente Tomaz de Aquino. “Em casos como este, de chuvas acima do normal, o sistema não suporta o volume de água”, completa. “Não há risco de desabamento”, garantiu.

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Estudantes planejam mutirão para limpar universidade

Crédito: Saulo Tomé/UnB Agência

Alunos querem participar do esforço de reconstrução da UnB. Em reunião no Teatro de Arena iniciaram mobilização para limpar áreas atingidas e protestar contra corte de verbas do Ministério da Educação

Hugo Costa

Da Secretaria de Comunicação da UnB

O dia seguinte às chuvas foi marcado pela mobilização dos estudantes da Universidade de Brasília. Mesmo dispensados das aulas, cerca de 200 alunos estiveram reunidos no Teatro de Arena, para decidir o que fazer para ajudar na recuperação das estruturas e dos materiais danificados. Entre os encaminhamentos propostos, decidiu-se que assim que o Instituto Central de Ciências, o Minhocão, interditado pela Defesa Civil, for liberado, um mutirão de estudantes trabalhará na limpeza do prédio.

Em frente a um carro de som cedido pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), os estudantes revezavam o microfone para relatar os danos causados pela chuva e propor iniciativas. Após quase duas horas de discussões, a aluna Mel Bleil Gallo, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes, anunciou as atitudes que serão tomadas: organizar mutirão de limpeza para o Minhocão, ato de manifestação contra o contingenciamento de recursos e levantar as perdas materiais dos centros acadêmicos.

Para os estudantes, o momento é de propor ações, não para apontar culpados. Em entrevista à UnB Agência, o coordenador de Integração Estudantil do Diretório Central de Estudantes, Florentino Júnior, afirmou que “é hora de unir a comunidade acadêmica” em busca de soluções práticas. “O que aconteceu foi uma fatalidade. Não dá para culpar, neste momento, essa ou aquela pessoa. Precisamos agir, assim que o prédio for liberado, para reparar o que for possível”, opina Florentino, aluno do quinto semestre de Saúde Coletiva. “Vamos apelar para que todos os CAs ajudem nos trabalhos de limpeza do Minhocão”, completa.

Victor Canato, do terceiro semestre de Engenharia da Computação, veio ao campus ainda no domingo à noite. “Tinha muita lama, entulho e até um sofá jogado no subsolo do Minhocão”, conta.   O estudante disse concordar com a suspensão das aulas no campus Darcy Ribeiro. “Foi uma decisão totalmente acertada. Não tinha como estudar hoje após tudo o que aconteceu nas salas e nos anfiteatros”.

O movimento “Não Vou Me Adaptar”, grupo que se opõe ao Diretório Central dos Estudantes , deve aderir ao mutirão de alunos que pretende limpar o Instituto Central de Ciência. Líder do “Não Vou Me Adaptar”, o estudante Lucas Brito defendeu a participação no movimento. “Pretendemos integrar o mutirão, mas ressalto que o problema é estrutural. A universidade está sucateada e o que aconteceu ontem é sintoma disso”, opina o estudante do sexto semestre de Serviço Social.

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Dezessete veículos de imprensa procuraram a Secom

Crédito: Mariana Costa/ UnB Agência

Assessoria de Imprensa forneceu informações sobre a inundação durante todo o dia

Da Secretaria de Comunicação da UnB

Os telefones da Universidade de Brasília não pararam. Dezessete veículos de comunicação ligaram para a Secretaria de Comunicação da universidade, durante toda a segunda-feira, em busca de informações sobre a inundação do Instituto Central de Ciências. Com a internet e a luz temporariamente interrompidas, os jornalistas voltaram ao velho “Graham Bell” para saber o que estava acontecendo no campus Darcy Ribeiro. Eles pediam informações sobre os estragos no prédio do Minhocão, mas também queriam dados meteorológicos sobre o total de chuvas que caiu em Brasília para averiguar se a UnB poderia ser atingida novamente.

Instalada no prédio da Reitoria, a Secretaria de Comunicação, que tem um serviço específico para Assessoria de Imprensa e atendimento às demandas dos jornalistas, não deixou de funcionar. Os notebooks movidos a bateria foram responsáveis pela alimentação do blog na rede, enquanto a página da UnB estava fora do ar e os computadores do Centro de Processamento de Dados (CPD) não eram reativados.

Todas as redes de televisão, os jornais Correio Braziliense, Jornal de Brasília, O Estado de S. Paulo, Folha de S. Paulo, O Globo, O Coletivo, Alô Brasília, portais como o G1 e R7, as rádios BandNews e Nacional, além da Agência Brasil, requisitaram informações sobre a inundação. O prefeito do campus, Paulo César Marques, forneceu informações aos jornalistas durante todo o dia. O reitor José Geraldo de Sousa Junior atendeu toda a imprensa em uma coletiva realizada no meio da tarde.

Enquanto os funcionários começavam a limpar, lavar e varrer o Minhocão, para que as aulas pudessem voltar na próxima quarta-feira, a Rádio Web queria falar com os estudantes que estiveram reunidos no Teatro Arena a fim de fazer um mutirão pela reconstrução da Universidade. E o Correio Braziliense se preocupou em fazer um mapa do Instituto Central de Ciências para mostrar os estragos.

Se você teve prejuízo ou presenciou a inundação, mande seu relato para: secom@unb.br. A Assessoria de Imprensa continuará a dar informações pelos telefones: 3307-3990 e 3272-2497.

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Pouco sobrou do Centro Acadêmico de Economia

“Um cenário de devastação”. Foi assim que o presidente do Centro Acadêmico de Economia (Caeco), Carlos Cássio Aguiar, definiu o panorama da sala que abriga o CA no subsolo da Ala Norte do Minhocão.  Além dos ainda não calculados prejuízos materiais, o líder estudantil lamenta a perda de vários quilos de alimentos e materiais de limpeza que haviam sido arrecadados por meio do trote solidário.
“É frustrante demais. A destruição foi enorme. Perdemos sofás, TV, ventilador, mesa de sinuca, videogame e diversos documentos que fazem parte da história do CA”, conta Carlos Cássio. O estudante disse ainda que deparou-se com janelas quebradas e muita sujeira trazida pela enxurrada.

Outro ponto que causou desapontamento foi a perda dos alimentos arrecadados na recepção dos calouros de Economia. O presidente do Caeco informou que os donativos armazenados no centro acadêmico foram estragados. “É um prejuízo de mais de mil reais entre comida e materiais de limpeza”, estima.

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Estudantes farão mutirão para limpar universidade

O dia seguinte às chuvas que geraram estragos no campus Darcy Ribeiro foi marcado pela mobilização dos estudantes da Universidade de Brasília. Mesmo dispensados das aulas, cerca de 200 alunos estiveram reunidos no Teatro de Arena, para analisar os danos e decidir o que fazer para ajudar na recuperação das estruturas e dos materiais danificados. Entre os encaminhamentos propostos, decidiu-se que assim que o Instituto Central de Ciências, o Minhocão, interditado pela Defesa Civil, for liberado, um mutirão de estudantes trabalhará na limpeza do prédio.

Em frente a um carro de som cedido pelo Sindicato dos Trabalhadores da Fundação Universidade de Brasília (Sintfub), os estudantes revezavam o microfone para relatar os danos causados pela chuva e propor iniciativas. Após quase duas horas de discussões, a aluna Mel Bleil Gallo, coordenadora do Diretório Central dos Estudantes, anunciou as atitudes que serão tomadas: organizar mutirão de limpeza para o Minhocão, ato de manifestação ao contingenciamento de recursos para educação na quarta-feira, levantamento de perdas materiais dos centros acadêmicos, solicitação de reforço na segurança para evitar saques nas áreas atingidas pela chuva, realização de uma oficina de cartazes para serem usados nas manifestações e assembleia geral de estudantes para quinta-feira.

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